sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Museu/Comunidade e vice versa...

Duas realidades que se completam. Uma não existe sem a outra. Como na matemática – os números ligam-se entre si, e embora possam ter vida isolada, não vivem sem os outros. O Museu nasceu da comunidade, é um filho. Ninguém separe o que a natureza deu.
        Mas, a que propósito vem este intróito? Porque um Museu é filho da comunidade, a sua extensão no tempo presente e no tempo futuro.
        Tivemos períodos caracterizados pelo melhor e pelo pior. Relacionados com sismos e vulcões, com tempestades e bonanças. Com corsários e labregos. Com crescimentos e com ruínas. Tudo nos bateu á porta.
        No mar e em terra deixámos rasto. Mais naquele do que nesta. O mar é grande e a terra é pequena. Mas teve arte e engenho de encontrar recursos de vida nas águas largas e profundas do oceano. E encontraram. Nos barcos de pescar. Nos barcos de levar e trazer. Nos barcos que passavam, que vinham de longe e para longe seguiam. E muitos também foram a caminho do lugar desconhecido.
Em terra souberam procurar terra boa de cultivar o trigo para fazer o pão, procuraram o lugar seguro para o abrigo reconfortante da noite e do dia, e até obrigaram as pedras a produzir vinho.
        Os testemunhos aí estão. Espalhados por toda a parte da ilha. Nas paisagens, nos campos verdes, nos currais, nos maroiços, nas igrejas, nas ermidas, nas casas. Nos museus, onde se guardam religiosamente as relíquias, traduzidas em utensílios, registadas em livros de ler, em imagens e em discos de ouvir.
Nos tempos de hoje, à volta de todo o ano, a História acompanha sempre quem passa ou quem pára. Os mares continuam a revelar segredos de ontem e de hoje. Os trabalhos artísticos, evocativos ou recreativos constantemente brotam da imaginação dos novos que continuam a amar a sua história.
Sem restrições nem segregações. Todos. Todos fazem parte de uma herança que se ama e se deseja cada vez actuante e presente.
Por isso o Museu é lugar de acolhimento. É a sua função principal. A função paternal. Acolher o descendente que recria. Que recria com segurança e seriedade. Que renova, que redimensiona, que dá vida. Sem discriminar, sem afeições e compadrios.
Sobretudo sem cair em elitismos segregacionistas, que levariam ao gueto cultural que não poderá acontecer. Seria crime parricida. Um Museu acolhe sempre. Vive para os seus e vive dos seus.
Temos encontrado esta interacção dentro do Museu dos Baleeiros, do Museu do Vinho, do Museu do Pico. Lá podemos encontrar um pouco de tudo, espelho da recriação e da criação dos seus amigos. É importante assim continuar, e assim crescer. (altodoscedros.blogspot.com)
Manuel Emílio Porto

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Faleceu o João Brum

Aquele que durante muito tempo publicou, no jornal “O DEVER”, as crónicas com o selo de “Haja Saúde”, faleceu a 23 de Fevereiro nas Lajes do Pico.
        A saudação – Haja Saúde” – foi a forma simpática e afectuosa das nossas gentes, que escolheu para se identificar no jornal, quando escrevia para os seus amigos e para os seus leitores anónimos.
        O “Haja Saúde” marcou presença assídua em “O DEVER”, em muitos dos seus números, e durante muitos anos. Foi sempre bem acolhido pelos seus directores e responsáveis. O João foi sempre defensor da prática cristã que bebeu na catequese da sua paróquia – a Silveira. Era um homem de fé.
        Por motivos de doença que não perdoa, já algum tempo que tinha deixado de enviar para o jornal os “rabiscos” que fazia. Acrescentava, magoado, “também já não me querem”, paciência!
        O João Brum andou no Seminário, mas não fomos companheiros de curso. E poucos anos nos separavam. Nas férias vivíamos longe um do outro. Nas nossas respectivas freguesias.
No Seminário de Angra revelou qualidades humanas relevantes no campo das humanidades, mormente das letras. Colaborou assiduamente no jornal manuscrito – “O Carpinteiro” – jornal da Prefeitura do Grupo dos Médios, que tinha como patrono São José. Fica esta memória, que ainda recordo.
        Depois, o João Brum entendeu que a sua vida futura deveria ser outra. E optou. Depois de muitas experimentações, acabou por emigrar para as Américas. Durante muitos anos, até 2003, nunca mais soube do seu paradeiro. Apenas lia o seu “Haja Saúde” no jornal da Igreja desta Vila. Por outras fontes fui sabendo das suas escritas na Califórnia e dos revezes que também elas lhe deram.
        Para a revista Gávea-Brown escreveu uma entrevista conduzida por Onésimo Teotónio Almeida. Dela respigo a seguinte resposta à pergunta: “Californias perdidas de abundância”. Glosa, por favor, este poema de Pedro da Silveira. “Não tenho sonho nem jeito para essas abundâncias, mesmo tendo ido para a escola primária muitas vezes em jejum. Aí, onde nadas em leituras e escritas, nunca namorei a vanguarda e perdi o fôlego à retaguarda. Deus talhou-me para meio-termo, que agora é um quase marasmo. Se pudesse voltar atrás, o meu horizonte seria muito diferente daquele que me levou à Califórnia. Estou metido num ninho antes usado…Porque duas vezes somos meninos. Bem sei, não “glosei” como esperavas. Adivinha porquê”. (Revista citada, pag. 181).
        Quando apareceu por aqui, vinha só, e de mãos vazias. Para trás tinha deixado a América, que, segundo dizia, nada lhe tinha dado. Era um homem carregado de tristezas e tragédias.
        Viveu os últimos anos pobremente, apoiado por algumas pessoas amigas e por algumas instituições. Conversámos com frequência. Sobretudo do que escreveu e gostava de escrever para o seu Dever, mostrando alma brilhante, vernácula, mas que, aos poucos, acabou também por desistir.
        João Pereira da Costa Brum, nasceu a 6 de Março de 1938, na Silveira, Lajes do Pico. Tinha 73 anos. Condolências aos familiares e amigos.
Haja saúde, João. Quando Deus quiser, havemos de nos voltar a ver.
                        Manuel Emilio Porto

       
       

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Diocese de Angra insustentável?


        Ontem, no jornal “A União”, dei, de chofre, com este título: “Com o modelo actual Diocese de Angra “não é sustentável”.
        Depois de ler o texto, ficámos algo perplexos. E ficámos perplexos, porque, de imediato, nos vieram à mente lembranças de tempos não muito recuados, e os possíveis desenvolvimentos que entretanto se deram ou se geraram.
        Há 50 anos havia, no geral, um pároco para cada paróquia. Quase todos viviam pobremente, ainda sem automóvel, deslocando-se na camioneta da carreira ou de bicicleta e a pé – quantas vezes vimos o P. José Ávila na estrada do Mistério, ora num sentido, ora no outro – e sempre encontravam umas migalhas para o café da manhã, e umas sopas de couves solteiras, ao meio dia ou à noite, cozinhadas por algum familiar disponível.
        Já nesses tempos recuados, os tais 10% eram obrigatórios para a Diocese. E o Cónego Gil Mendonça, o ecónomo diocesano de então, não perdoava nada. Eram obrigações sacras, de coisas sacras, sacrilégios para os incumpridores.
        Hoje, os tempos são outros. Decorreram muitas transformações na sociedade civil e laica. Que entrou por toda a parte. Na sociedade religiosa – por razões claras e evidentes, com raízes profundas nas suas estruturas – os servidores mais próximos foram-se afastando e a renovação interna foi sendo diminuta.
Seria lógico, pois, que os pouco tostões de antigamente dessem para os tempos de hoje, já que a população açoriana se manteve mais ou menos estável. Naturalmente, que as receitas deveriam ser as mesmas ou semelhantes. Mas o certo, pelo que se diz, é que diminuíram os funcionários e diminuíram as receitas. E aqui começa com o nosso comentário.
E as perguntas logo nos acodem, de rompante, à mente: quais as razões de tão diminutas receitas que levam os responsáveis a dizer que a Diocese de Angra é insustentável? O que se terá passado? Como se explica tudo isso?
A vida paroquial de antigamente era uma vida de isolamento, de atenção a tudo o que poderia ajudar a sustentabilidade de todo o conjunto paroquial – conservação do património, sustentabilidade das actividades e da vida humana directamente responsável.
Além disso, era uma vida de eremita – alguns cultivavam as suas pequenas hortas – sem qualquer ajuda do principal responsável, que funcionava mais com a ameaça da espada, do que com o afecto e a compreensão paternal. O aviso da “obediência cega” pairava no ar sempre ameaçador. Uma Igreja mais madrasta do que mãe. E também, como hoje, eivada de compadrios, afeições e aparências.
Apesar de tudo havia sempre alguma migalha para matar a fome, e a Diocese nunca gritou nem alertou para a sua falência. E nunca um Bispo mandou fazer peditórios para saldar dívidas.
No texto que provoca este apontamento insinua-se um Vigário Geral para São Miguel, uma espécie de segunda Diocese. Diz-se que a Ilha de São Miguel está mais bem preparada religiosamente.
Talvez se queira dizer que São Miguel vai fazer as suas economias à parte, e as outras que se governem como poderem. Uma excelente solução! Um primeiro passo para uma divisão que não se deseja, e que nunca se desejou.
O que mais nos espanta é que nada se diga da gestão de quantos, espalhados pela Diocese, asseguram a sua sustentabilidade. É o “religiosamente correcto” que o impede? É bom recordar que já não funciona como muitos desejariam. E seria óptimo começar primeiro por aí.
Na verdade, estamos perante problemas próprios das sociedades fechadas, das sociedades secretas. Por dentro tudo é controlado, abafado, encoberto. Veja-se o caso dos abusos sexuais no que deram. É a prova do que afirmo. Ninguém controla ninguém e todos se controlam uns aos outros. São os compadrios e as afeições a comandar a barca. Ninguém fiscaliza. O pior é quando algo transparece. É uma desgraça!
Fico, por isso, espantado quando um funcionário vem para o público dizer que a Diocese é insustentável. Que credibilidade traz consigo? Só vem aumentar a suspeição, e nada mais.
Alguma vez se viu uma contabilidade eclesiástica auditada por uma pessoa independente e laica? É a questão que deixo em aberto.
Finalmente, quando se entra numa igreja e se ouvem palavras condenatórias contra pessoas presentes ou ausentes, logo poderão aparecer as reacções. Que, no geral, são silenciosas. Cada um dirá. As pessoas faltam. E se faltam também não trazem a sua dádiva. “Hei-de dar a quem o merecer”. (altodoscedros.blogspot.com)

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Basta do religiosamente correcto...

“Basta do religiosamente correcto e do controle da linguagem”.
Rino Fisichella, Cardeal do Dicastério para a Nova Evangelização, esteve em Madrid a participar na assembleia de delegados dos meios de comunicação da CEE.
Fisichella, um dos melhores intelectuais católicos, teve esta resposta a quem o questionou sobre o modo de fazer a Nova Evangelização: “Anúncio, liturgia e testemunho”. Depois, acrescentou: “Temos que explicar com a linguagem de hoje. Temos que explicar claramente porque somos crentes. Temos que saber dizer que o cristianismo é a verdadeira religião. Sim, temos que dizê-lo. Porque só os muçulmanos vão ter o direito de dizer que o Islão é a única verdadeira religião, e nós não?
No seu pensamento “os cristãos não podem silenciar o que acreditam”. E por isso pediu valentia para pôr fim “ao religiosamente correcto”. “Basta já do controlo insuportável da linguagem”.
O nosso comentário: - É a primeira vez que vejo um alto dignitário da Igreja insurgir-se contra “o religiosamente correcto” e o “basta do controle da linguagem”. Chegou a vez da Igreja?
Mas, cuidado, não terá sido a Igreja a impulsionadora do “religiosamente correcto”? Os desmandos dos últimos anos não serão fruto dessa prática?
Antes de se pôr a evangelização na total transparência, perante o Islão e as outras religiões, como sempre deveria ter sido, é importante que dentro da Igreja essa prática seja a primeira a ser posta em prática. Respeite a Igreja Instituição todos os seus crentes e terá os melhores resultados. Enquanto houver segregação, nada feito.

Mais uma palavra...

Para um alerta que julgo importante, nesta avaliação do que somos, do que temos e do que queremos continuar a ter.
Nas semanas anteriores, abordámos as novas sedes das Filarmónicas. Elas são o resultado do apreço já consagrado publicamente. Os edifícios que vemos á volta da Ilha são a prova da estima das populações e dos Governos que temos tido.
Mas, pensamos também que terá chegado o tempo de fazermos um bom balanço, e de começar a pensar seriamente na sua conservação.
Temos exemplos em toda a ilha. Vemos edifícios antigos que andam pelas ruas da amargura. Os seus donos ou proprietários, sobretudo os descendentes, não conseguiram mantê-los em condições de habitabilidade. E por isso foram-se degradando aos poucos.
 Alguns conseguiram ir parar a boas mãos, que lhe devolveram a sua beleza inicial, outros acabaram em ruínas. Outros ainda foram parar ao poder público que os redimensionou, dando-lhes outras valências.
 Um caso gritante, no centro das Lajes, continua à espera de quem lhe deite a mão. Um caso já crónico. E no centro do Curral da Pedra há um, bem junto ao salão paroquial, que dizem ter sido comprado pela Câmara. Se foi, perguntamos: para quê? Com que finalidade? Sempre vem ao de cima a ideia, que não é nossa, de que antes de se construir de raiz, se deve pensar em redimensionar. Achamos acertada esta afirmação.
Estamos a tempo de pensar seriamente no volume dos edifícios que se constroem de raiz, em relação à sua manutenção futura. Não o fazendo, estamos a comprometer a sua sustentabilidade. “Não deixes para amanhã o que podes fazer hoje”. “A pouco e pouco enche a galinha o papo”.
 Não vemos movimentos constantes – recreativos, culturais e gastronómicos – geridos pelas próprias colectividades tendo em vista a sua sustentação. E é imperioso que isso se faça. Uma associação cultural – seja ela qual for, secular ou religiosa – terá, constantemente, de pensar na sua própria vida. Só depois pedirá o apoio necessário, supletivo.
É verdade que já foi frequente, a iniciativa do “almoço/jantar” do fim de semana e dominical em favor desta ou daquela instituição. Se agora deixou de ser, foi por cansaço, ou por falta de transparência? O cansaço – doença congénita – só tem cura com a transparência. As comunidades vivem de transparências. Sem elas, morrem, definham.
Nesta ilha, e noutras ilhas também, temos edifícios, construídos de raiz, reconstruídos ou adaptados. São as igrejas, os salões paroquiais, os salões do Espírito Santo, as Sedes das Filarmónicas. Todo este volume de edifícios – pelo menos alguns deles, não andámos a estudar um por um – tiveram contribuição do poder público. Os do Espírito Santo têm a marca dos seus associados. São um exemplo.
É sobretudo em tempos de dificuldades, que, perante os problemas decorrentes, mais nos vem à mente a ideia da entre ajuda. É um espírito que não se poderá perder, antes incentivar. As nossas coisas, privadas ou públicas, têm o nosso olhar sempre atento. Para a sua funcionalidade, para a sua conservação. O poder público será o último recurso. E nesta sequência, veja-se o que já se pede no Continente: a destruição de alguns estádios de futebol, cuja manutenção está fora das possibilidades das respectivas autarquias.
Voltámos com este apontamento, apenas para dizer que é importante reavivar o espírito associativo, comunitário, zelador de tudo o que temos, ou de tudo o que de alguma maneira tem a ver com a nossa presença no mundo em que vivemos. (altodoscedros.blogspot.com)



sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Duas inaugurações

1 - Avenida Marginal em São Roque, com o nome de “Avenida do Mar”.
       Já aqui lhe fizemos referência, e hoje voltamos a fazê-lo. Trata-se de uma obra bem concebida, bem ajustada ao ambiente, bem enquadrada para proporcionar bons serviços aos cidadãos. Apenas um complemento de carácter cultural: temos esperança de ainda, um dia, voltar a ver o Moinho que lá se encontra junto à piscina, a funcionar em pleno. E o respectivo búzio a dar o alarme de que falta milho para moer.
        Alguém vai rir-se com esta deixa. Mas olhem que fica muito bem ali, naquele lugar, uma máquina antiga, artesanal, pronta para mostrar como faz a farinha que serve para cozer o pão que vai à mesa. Todos os alunos devem, no futuro, visitar aquela máquina, para ver como funciona com a força do vento, e ver ao vivo as rodas dentadas que aumentam a velocidade das mós. Um bom exemplo para estudar as multiplicações e as reduções das rodas dentadas. De como um movimento lento é capaz de produzir uma velocidade acentuada.

        2 - Museu da Indústria Baleeira
        O Museu dos Baleeiros – no duplo espaço que possui, Lajes do Pico e Cais do Pico – é o elemento mais visível da nossa cultura picoense. Todos os outros que o circundam, ou que andam à sua volta, não serão mais do que os adornos do altar – as flores, os jarros, os ícones – as mais valias. O Pico é conhecido mundialmente graças ao Museu. Dos Baleeiros e da Vinha. A sua projecção é mundial. E por isso, por dentro e por fora dos espaços, se pode dizer, usando uma expressão que circulava no interior das novas instalações, que paira no ar que respiramos um verdadeiro e autêntico espírito do sítio. Sítio que nos fala das baleias, dos barcos e das ferramentas; espírito que nos fala dos baleeiros, que continuam vivos, ecoando em vagas sucessivas pelos mares além.
        Presenciámos a inauguração dos melhoramentos levados a efeito na antiga Fábrica da Baleia no Cais do Pico. Percorremos os espaços novos e demos uma olhar por aquilo que já conhecíamos. Saímos com vontade de fazer este apontamento, para transmitir aos leitores que “vale a pena ir uma vez na vida” ao Museu dos Baleeiros, nos seus dois pólos instalados: no Cais e nas Lajes.
        Tal como um bom cristão tem de ir a Roma uma vez na vida, tal como um muçulmano tem de ir a Meca uma vez na vida – aqui, o mesmo se tem de dizer a cada picoense que ama a sua ilha: pelo menos uma vez, ir ao Museu dos Baleeiros.
Os baleeiros foram os antigos homens do mar, que muitos, ainda hoje vivos em terra, viram andar à vela por esses canais, na busca do sustento para as suas famílias. E, sem saber, construíram um património invejável. O que mais nos projectou no mundo inteiro.
        Os melhoramentos que agora se inauguraram no Cais do Pico vem completar todo o ambiente museológico nas instalações ali sediadas. Outros benefícios estão a ser programados para as Lajes, mormente a construção de um Auditório. E também outros para o pólo da Vinha na Vila da Madalena.
Nas palavras do presidente do Governo salientamos a expressão que usou: uma terra sem Museu é uma terra sem História.
Nesta ocasião de afirmação cultural, convém recordar que o Museu do Pico tem sabido representar esse papel que lhe cabe – ser o espelho da Ilha. Por ele têm passado inúmeros eventos culturais ao longo dos anos. E tem sido numerosos os seus visitantes. Os picoenses ficaram hoje mais ricos no seu património histórico.
Manuel Emílio Porto (altodoscedros.blogspot.com)

       

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Os Bispos alemães

“Não se podem evitar os temas que geram conflitos”, dizem os bispos alemães. A Conferência Episcopal Alemã considera que o manifesto crítico publicado por 144 teólogos, é uma abordagem à discussão sobre o futuro da fé da Igreja naquele país.
Naquele manifesto os cento e quarenta e quatro (144) professores de Teologia católica exigem reformas profundas na Igreja Católica, e incluem, entre outras o fim do celibato, o sacerdócio feminino e a participação popular na eleição dos bispos. Os erros do passado, como os mais recentes casos de abusos sexuais por elementos do clero, devem ser clarificados com urgência, exigindo reformas também urgentes.
Entretanto, pela voz do Cardeal Piacenza, Roma já reagiu afirmando que “Jesus foi sempre virgem”, e que o celibato tem valor perene. Fontes: El Pais, Religión Digital).
Primeiro comentário:
Se Cristo foi virgem ou não pouco importa. Pedro foi o primeiro Papa e era casado.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

De novo as Filarmónicas

São privilégios, dizíamos na semana passada, neste mesmo local. Reafirmamos o que então dissemos, isto é, quem têm privilégios, sobretudo se são colectivos, e se os não quer perder, nem deixar degradar, tem de cuidar da sua sustentabilidade constante.
        Com a Nova Sede da Filarmónica da Piedade, fica a ilha do Pico mais rica nas estruturas de apoio ao ensino da música das sociedades filarmónicas. Para todas elas, os encargos anuais são volumosos, ultrapassando quase sempre as suas capacidades financeiras. Neste aspecto é importante a continuidade do apoio autárquico. Mais do que os jogos federativos e profissionais, distorcidos do são valor desportivo para o meio em que vivemos.
        A Música, na antiguidade, era considerada uma actividade nobre, importante para o desenvolvimento intelectual dos cidadãos. Tão importante como a Filosofia, a Matemática e o Desporto, na sua forma mais pura – mens sana in corpore sano, como se dizia na antiga Grécia e depois em Roma.
        O Pico, durante muitos anos, andou perdido a tocar música por casas particulares, por vezes sem as condições mínimas, até pagando renda de ocupação. Mas, louvor e glória, a muitos homens que aguentaram, apanhando frio, mal sentados, apertados, quase sem terem espaço para mudar a pauta na estante. Uns ainda se mantém, outros já se afastaram. Neste apontamento queremos relevar o seu empenho, a sua carolice de terem ajudado a consolidar o património que hoje temos.
        Por isso, temos de dar ênfase aos melhoramentos que se têm verificado por toda a Ilha. Fazemo-lo agora, a propósito da Nova Sede da Filarmónica da Piedade, prestes a ser apresentada ao público. Por tudo isso, voltamos com este apontamento.
Nunca será muito dizer do benefício que aí vem. E é muito natural que os acontecimentos importantes sejam devidamente assinalados. Assim, é de relevar toda a iniciativa que tenha em vista a sua maior visibilidade. Daí nos apressamos, hoje, a louvar as iniciativas dos seus responsáveis que venham a ser programadas. Quando, no apontamento da semana anterior, referimos a ideia de gravar um CD, mais não fizemos do que dizer o que nos ia no pensamento, sem a mínima intenção de intromissão nossa.
Em relação ao novo edifício da Filarmónica, olhamos para o ambiente que a rodeia. Há por ali espaços – é possível que estejam a ser objecto de estudo – que terão de ser encarados de frente, com coragem.
 Sempre pensamos que uma casa de habitação, sobretudo no meio rural onde há espaços em abundância – não é só o edifício em si. São também as zonas envolventes – as ruas, os jardins, os arbustos, os muros, por vezes a água corrente, os bustos ou ícones de embelezamento, jardins para crianças. E o que se diz de uma casa de habitação familiar, diz-se das casas ou sedes das colectividades.
Temos a esperança de que os responsáveis não deixarão de pensar neste aspecto. O Curral da Pedra só ficará mais valorizado. É a “Sala de Fora” da freguesia da Piedade. E uma “Sala de Fora”, como os antigos diziam, era a sala de receber as visitas. Todo o ambiente, à sua volta, faz parte integrante daquele Largo ou Praça. Quem chega ao centro, logo lhe aparecem os mais nobres lugares da Piedade – Espírito Santo, Igreja, Filarmónica e Escola. São as pinturas pendentes das paredes da sala de visitas.
Para os leitores, este é mais um apontamento de ocasião. Nada mais. (altodosdoscedros.blogspot.com)