segunda-feira, 19 de março de 2012

"Semanas Culturais e Recreativas" - Piedade

O programa apresentado foi apelativo. Foi ao encontro das pessoas, ao encontro da comunidade, como um todo, que vive e cresce envolvido das mesmas condições e anseios.
        Neste apontamento alusivo ao evento, começo por recordar que a Piedade tem filhos ilustres, capazes de dar aos de fora, a imagem do que sempre foram e do que podem continuar a fazer rumo ao futuro. Porque é pensando no futuro que as semanas culturais e recreativas se fazem e têm interesse. Há fontes esquecidas que importa activar.
        A passagem pela furna da Sapateira foi uma novidade. Nunca tinha ouvido falar em tal furna, caso para dizer que, mesmo às portas do lugar onde nascemos, acabamos por não saber de tudo o que se passa à nossa volta. Afinal aquela furna tem História, como o referiram os muitos visitantes que lá foram. Um dia, serão conhecidas, cremos nós.
 A minha participação nesta semana foi limitada. Todavia, mesmo limitada, deu para maravilhar a vista pelo muito que vimos no Salão da Filarmónica, e que merece, na nossa opinião, uma exposição permanente, capaz de ultrapassar a própria freguesia.
As tertúlias, os encontros promovidos ou casuais, são ocasiões para dizer o que se pensa. E lugares, hoje, não faltam. Chegou a altura de pensar mais com a cabeça e menos com o coração. Sem olhares partidários que, por vezes, só perturbam e conduzem à discórdia, que importa evitar.
Não gostaria de ficar por aqui sem lembrar uma figura que não vi na exposição de livros: a figura do Professor António Ávila Coelho.
Foi Professor Primário. Todos os anos, aparecia por altura da festa da Senhora da Piedade. Era nessa ocasião que o via e com ele trocava algumas palavras. Ele, bem apresentado, de falar risonho e cordial, irónico por vezes, passeava na sacristia em conversa amena com padres, sacristães, seminaristas e outras figuras que por ali entravam para assistir na capela-mor à missa de festa e ouvir o sermão.
O Professor Coelho escreveu uma monografia sobre a freguesia da Piedade, que o Boletim do Núcleo Cultural da Horta publicou no ano de 1961, com o título “A freguesia de Nossa Senhora da Piedade na Ilha do Pico”. Também publicou as suas gazetilhas da semana no jornal “O Telégrafo” sob o pseudónimo de Frei Pedro.
São dois trabalhos que andam esquecidos, dispersos pelos arquivos ou colecções particulares. No nosso entender, merecem ser postos ao alcance do público, sobretudo das gentes novas que frequentam as escolas.
        Ao passar pela velhinha Ermida da Senhora da Rocha tive a sensação de estar a ser reconstruída. Quando reparei que a pequenina sineta já lá se encontrava, como antigamente, logo entendi que também estaria no altar a pequenina imagem.
 Oxalá que não me tenha enganado. É um sinal da cultura popular daquela zona da ilha. Aqui deixo este registo cultural. Figura de Museu paisagístico sobre a rocha alta do calhau rolado, como dizia Gaspar Fructuoso nas Saudades da Terra.
Até aqui, as semanas culturais e recreativas, e foram ainda só duas, têm sido uma iniciativa de feliz adesão das populações.
escrito na ortografia antiga
altodoscedros.blogspot.com