A nossa participação com o Grupo Coral das Lajes, apesar de pouco significativa, no concerto de Páscoa que a Lira Açoriana deu na Igreja Matriz das Lajes, no sábado, 7 de Abril., foi uma experiencia para recordar e tirar lições.
Foi a primeira vez, e penso que terá acontecido assim com muitas outras pessoas, que vimos ao vivo a Lira Açoriana, a selecção musical dos tocadores filarmónicos açorianos, espalhados por todas as ilhas. Uma selecção que faz lembrar outras selecções, esta de qualidade superior, dentro do seu género, naturalmente.
Nunca fui filarmónico, nem estudei algum instrumento de sopro ou de arco. Apenas estudei, um pouco, a voz que Deus me deu – o melhor instrumento musical de sempre. Na juventude, nunca tive posses para ter e aprender um instrumento de teclas, sopro ou de cordas.
Apesar disso, e apesar da minha audição já não ser o que já foi, digo que o seu desempenho foi perfeito, coeso, com uma perfeita conexão entre todos os instrumentos, daí resultando uma fusão, arco-íris de todos os sons.
A obra artística musical, na análise que faço, resulta da percepção que provoca na audição do ouvinte. O que senti, durante a audição do concerto, foi isso mesmo – uma perfeita sintonia entre todos os diversos componentes. E ficaria por aqui, quanto à actuação puramente instrumental.
Mas antes, permitam-me que refira a participação desta ilha. Sem entrar em comparações, nem fazer juízos de qualquer espécie, esta ilha contribui com um bom número de músicos. Uma razão que muito apreciamos e que deve deixar os responsáveis da ilha, satisfeitos pelos muitos valores que cada vez mais despontam no meio onde vivemos. Com um relevo especial para os dois músicos, componentes da orquestra, também seus compositores – Hélder Bettencourt e Antero Ávila.
Este é o primeiro grande sinal de garantia para o futuro da Lira Açoriana, como também para as instituições musicais espalhadas pelas ilhas – grupos folclóricos, grupos de cantares, grupos corais e paroquiais, bandas filarmónicas.
Exprimo aqui, que foi a partir dos tempos, não muito recuados, em que a Música começou a fazer parte dos currículos das escolas públicas, que os progressos se fizeram sentir. Por isso hoje temos uma LIRA AÇORIANA, e temos melhores filarmónicas. Vamos no bom caminho.
Retomando o concerto, e numa apreciação global, confesso que ficámos satisfeitos com o desempenho de todo o conjunto. Já atrás o dissemos. As execuções foram perfeitas, de elevado grau de qualidade.
Na parte coral ainda há muito trabalho por fazer. O que não é de estranhar. A voz humana é um instrumento muito delicado. Sobretudo para temas com acompanhamento de instrumentos de sopro. Quando as vozes aparecem, toda a orquestra deve mostrar que está ao serviço da voz humana, pois é ela que dá vida e alma a todo o grupo. As vozes tem de aparecer, claras, limpas, seguras, expressivas, sorridentes. Para isso precisam de ter corpo e consistência, segurança. Foi o sector menos trabalhado, sem desprimor para ninguém.
Não é crítica, antes pelo contrário. É alerta para melhor trabalho. Um apelo para que se olhe mais para a voz humana. Para que se cultive mais a voz humana, nas escolas e nos grupos corais, como hoje fazem os filarmónicos com os seus instrumentos. Alguns até nos dão a ideia de algo fora do comum - visão celeste, angélica. Eles deram a lição.
A nossa participação, pouco relevante, deu para recordar no futuro, perceber, entender e tirar lições. Parabéns à Lira e aos Coros da Horta e das Lajes que participaram.
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escrito na ortografia antiga