Pode-se dizer de muitas formas, mas não mais claro. O teólogo Joaquim Garcia Roca expressa-o da seguinte forma:
“Pertenço à geração dos que acreditaram, que viveram o Vaticano II como erupção de liberdade, vocação e coragem. O Concílio conformou a minha convicção da mente com a do coração.
Hoje constato que estas metas conciliares foram roubadas, por isso sofro uma profunda desafectação e dissonância cognitiva com respeito à Igreja de hoje: a que caminha para o gueto, a que ignora os testemunhos que construíram a história, a que prescinde da lucidez de alguns teólogos, a que reabilita posições sectárias, a que ignora a mulher, a que não pratica no seu interior a misericórdia nem a cultura dos direitos humanos.
Desgosta-me que a Igreja não seja contemporânea, que se feche em si mesma, que se distancie dos modos de sentir, pensar e viver da gente simples.
Este distanciamento produz efeitos devastadores. Sem ver como vivem as gentes, isto é; como são, o que querem, o que desejam, não há Igreja de Deus.
Partilho a opinião do grande teólogo dominicano francês, Yves Congar, no “Diário de um Teólogo” quando, proibido de ensinar e humilhado, reconheceu que “ lhe retiraram tudo aquilo em que acreditava”.
Esta situação não se resolve com a existência de um catecismo, nem com um papa teólogo, nem com as manifestações que lhe prestam nas praças que visita”.