quinta-feira, 23 de junho de 2011

Um Junho cheio...

Um Junho cheio. Cheiíssimo. De tudo um pouco. Até de eleições “dispensáveis”. Se enumerar, corro o risco de ser incompleto; e outros dirão: olha, falta isto e aquilo, e mais isto e mais aquele outro…
        Aí vai uma data delas, conforme a minha alambrança.
        Tudo começou com o movimento das crianças no seu dia – um de Junho. Para logo a seguir, no dia 4, as mesmas promoverem o seu festival infantil “Baleia de Marfim”. Terão sido as melhores de todas as festas, pois são as crianças a garantia do nosso porvir. É redundante dizer mais.
Depois, foram as eleições que nos obrigaram a novas escolhas. Sabe-se lá no que irão dar!... É a nossa sobrevivência colectiva sempre ameaçada, posta em causa. Foi sempre assim. É a nossa sina.
        Vieram a seguir as festas maiores dos açorianos – as festas do Espírito Santo. Foi o Sábado, o Domingo, a Segunda e a Terça-feira, a Trindade, mais as sopas que abundaram, mais os pães, rosquilhas e bolos nos Impérios de toda a Ilha; porque o Espírito Santo foi no Pico, como se disse nos jornais;
        Foram e vão continuar a ser as tradicionais festas dos santos populares – o António, o João e o Pedro. De uma ponta à outra da Ilha, passando por ruas e ruelas, mais esta ou aquela Ermida, na adega, debaixo da latada, ou no terreiro, à volta da fogueira, de tudo se falou, de tudo se bebeu, de tudo se petiscou e também se balbuciou a reza ao santo preferido, não vá ele vingar-se dos nossos esquecimentos.
        Nas hortas, e hortinhas mais à beira da costa, muitos tiraram novidades que alegraram quem as semeou, apesar da falta de chuva que impediu ser produto de maior qualidade e quantidade.
 Neste seguimento, convém reparar no que nos dizem alguns entendidos: para amansar os efeitos da crise e nos safarmos do afundamento, basta que todos os portugueses passem a consumir produtos nacionais. Cultivando o mais que se puder e comprando do que se produz dentro das fronteiras. Se assim acontecer, em pouco tempo ficamos por cima da linha da água.
Mas isto é assim mesmo, como nas eleições. A gente semeia, e havendo bom tempo e chuva, as novidades são de qualidade. A gente vota e havendo juízo e um pouco de calma, os resultados também são de qualidade. Quando falta a chuva e não há juízo tudo se vai. Às vezes, nem sequer chega a nascer. Aborta antes do tempo. Mas… dos maus agoiros, livrai-nos, Senhor!
        Resta saber se, no meio de tanta incerteza, estas riquezas que Junho nos deu voltarão a vir no ano que vem. Esperemos que sim. Fora com pessimismos.
Esperemos que voltem as crianças no dia um, que volte outra “Baleia de Marfim” e que voltem as nossas festas populares; para continuar a dar a todos a certeza da devoção à cultura que nos identifica, à pátria que construímos, o louvor e a acção de graças ao Espírito Santo que nos acolheu, bem como aos santos populares que nos alegram no meio das agruras da vida.
Das eleições, só daqui a 4 anos. E, por favor, não se lembrem de acabar com dias que tradicionalmente reservamos para as festas. Desde remotos tempos. Não são os feriados, nunca foram, as causas de menos ganha-pão. E nunca foram causa de menos receitas para o estado.
        Faltou alguma coisa? Faltou. Faltou completar o que dizia na semana passada sobre os exames dos alunos: nada de cabular, como fizeram os candidatos a novos juízes. Só nos faltava mais este exemplo!
Faltou mais ainda? Sim, dar os parabéns ao jornal “O Dever”, instituição respeitosa, por mais um aniversário. Aqui os deixo, formulando votos de muitos anos de vida.
Por aqui me fico. E até um dia, se Deus quiser.
Manuel Emílio Porto
(altodoscedros.blogspot.com)
(texto escrito na ortografia antiga)