quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Voltando à semana que decorreu...

Um apontamento para o jornal, feito “a priori” do acontecimento, corre o risco de falhar por omissão. Assim aconteceu no que escrevemos na semana passada. Decorria a Semana dos Baleeiros, e já tinha alinhavado esta semana que decorre, antes de ela começar.
        Volto assim atrás para registar dois momentos que me pareceram relevantes, a não hesitar em repetir nos anos vindouros. São eles relacionados com o que temos neste Pico.
        Na segunda-feira – e depois de assistirmos à actuação do Grupo Folclórico de São João – presenciámos o nascimento da Chamarrita, tal como ela nasceu nos tempos recuados, na sua originalidade, do meio do povo. Sem ajuda de ninguém.
        Num instante, a coqueluche dos tocadores da ilha – desculpem a hipérbole, sem ofensa para ausentes credenciados – perfilaram-se sobre o palco, demandaram em “fúria por aí fora”, ao comando do Canarinho, dando entender a todos, que ali “não se estava a brincar”, mas a sério, proclamando: “todos ao terreiro cada um com seu par”!
        Não se fizeram rogados. Encheram o campo com um, dois, três e mais grupos. Um redemoinho animado de corpos ritmados e cadenciados, com as vozes de ordem de movimento seguinte, e do repenicado trrrrrrr…..  quase sem fim. Não levou muito tempo, estava o terreiro, transformado em autêntico chamarritódromo. Ficou esta imagem a não perder de vista, e desculpem o brasileirismo.
                                       ***
        Na terça-feira fui ao fado a São Pedro. Coisa que não fazia por esta festa. Devo confessar que aguentei até ao fim. E que agora me apetece dizer o que senti durante o tempo que lá estive, com a máxima atenção e silêncio profundo.
        Não conhecia os artistas convidados. Todos foram excelentes, cantores e tocadores. Corresponderam ao que o Sidónio deles disse na apresentação.
Mas – desculpem-me o coração – os primeiros, os nossos dois homens do Pico, que apareceram, que abriram o espectáculo, cada um com três temas, mais uma vez demonstraram o que são, o que podem e o quanto valem. O Professor Manuel Costa e o Engenheiro José Ferreira foram os reis da noite. E foram-no, sabem porquê?
 Porque fazem da música que cantam um prazer íntimo que os acompanha, e não profissão de carreira, condicionados. Cantam porque gostam e cantam para quem gosta. São livres dos mercados. E quem é livre pode transbordar o que sente e o que lhe vai na alma. Assim vale a pena.
        Mais uma vez ficou demonstrado que temos por aqui, na ilha, gente capaz de fazer e animar a festa.
        Parabéns ao Sidónio por ter voltado ao que era seu. Ao lugar do ponto de partida.
        E pronto. Acabei a minha nota da semana, completando a posteriori, o que não disse na semana passada. É o que resulta dos apontamentos feitos antes dos eventos anunciados.
altodoscedros.blogspot.com
texto escrito na ortografia antiga