terça-feira, 15 de março de 2011

Beatificação de João Paulo II

Assunto incontornável nos meios da Igreja Católica, de momento, é a beatificação de João Paulo II.
        Nos últimos dias da sua vida foi acompanhado por milhões de simpatizantes. Uns, crentes católicos, outros apenas admiradores. Foi uma figura extraordinária dos nossos dias.
        Por essa razão, logo no dia do seu funeral, apareceram as vozes gritando que fosse declarado santo imediatamente. “Santo súbito”, assim aparecia nos cartazes, no meio da multidão. Vejo agora que outros, não muito receptivos a esta pressa, usam a expressão irónica de “santo a jacto”.
        Poucos anos já passaram. Ficaram os desejos, ficaram os propósitos de tal notícia aparecer. E apareceu a notícia. No primeiro de Maio haverá solenidade em São Pedro para declarar João Paulo II, Beato da Igreja Universal.
        É o primeiro passo para a declaração de santidade, etapa que, como geralmente se sabe, requer outros complementos, mais comprovativos ainda.
        Como é sabido, a Igreja de Roma cultivou, ao longo dos séculos, uma prática prudente e muito cuidada, na avaliação que faz dos seus servos nas práticas da vida cristã. Que se saiba, tem sido esta a imagem dada ao mundo.
Como já aconteceu recentemente com Madre Teresa de Calcutá, agora um pouco semelhante se verifica: rapidez na avaliação das virtudes excelsas que se exigem no servo de Deus. Têm sido muitos os santos nos últimos tempos.
De uma forma ou outra, aí está o anúncio que deixou muita gente alegre e satisfeita. Já se reservam lugares nos hotéis de Roma para o dia 1 de Maio, pois está prevista uma grande multidão de todo o mundo na praça de São Pedro.
É preciso recuar mais de mil anos para se encontrar um predecessor elevado à glória dos altares pelo seu sucessor. Para exemplo, deixamos o caso do Papa Leão IX (1002-1045) que foi elevado a santo logo após o seu funeral. Não é, pois, caso inédito na História da Igreja.
A grande prova da santidade de João Paulo II é a aclamação universal do povo, que o envolveu em aclamações por todo o mundo. É, como se diz, a grande força. Talvez maior do que o milagre de que agora se fala. “Vox populi, vox Dei” – voz do povo, voz de Deus. Uma forma de capitalizar, ou consagrar as vozes das multidões, que chegam até aos “confins da terra”.
 Neste apontamento, que não é dogmático, mas apenas expositivo, preferimos o argumento que vem do Povo de Deus. É o Povo de Deus que constrói e faz os seus santos, os seus heróis. Sempre assim se disse mas nem sempre assim se fez ou praticou. As paixões de uns e de outros ofuscam por vezes a interacção humana e cristã. Todavia, já é tempo de abandonar o estilo do “religiosamente correcto” e “do cuidado com as palavras”. Quem o diz é Rino Fisichella, Cardeal para a Nova Evangelização. A transparência é sempre o caminho mais seguro, embora nem sempre o mais cómodo.
 O verdadeiro santo é aquele que o povo escolhe. Porque o Povo sabe, melhor do que ninguém, julgar e avaliar os que “ servem sem olhar a quem”.
Com esta avaliação e com a sua autoridade suprema, Bento XVI sancionou e decidiu. Recordando no seu íntimo de Pontífice Máximo da Igreja as palavras do mestre; - “Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja”; “Tudo o que ligares na terra, será ligado nos céus; tudo o que desligares na terra será desligado nos céus”; - disse aos homens do seu tempo, aos crentes de hoje que a decisão está tomada: João Paulo II é Beato da Igreja Universal.
 Como curiosidade, será uma beatificação de corpo presente. O ataúde com os restos mortais de João Paulo II será levado para junto do altar. Tudo aponta para mais uma enorme mediatização. A História julgará.
(altodoscedros.blogspot.com)