quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

O Santo Abade Antão

É a sua festa daqui a poucos dias. A 17 do mês. Neste concelho é padroeiro da Paróquia e FREGUESIA da Ribeirinha. Patrono dos que se dedicam aos animais. Dos animais domésticos, daqueles animais que são sustento e amparo de quem trabalha o campo. Porque é dos animais e do campo que vem, a todos, a vida. Mesmo para aqueles que habitam as grandes cidades.
        Ora, aqui está um bom tema para os dias que temos pela frente, celebrando Santo Antão, Padroeiro. Por isso o trazemos para reflexão, ou para uma simples leitura afectiva. Mas penso que neste momento, é mesmo bom pensar mais na terra que produz, na Freguesia, e deixar que o Padroeiro faça o resto.
        Os homens daquela freguesia, em tempos remotos, desconhecemos como e quando, certamente guiados pelos ensinamentos da santa Madre Igreja, escolheram, para a protecção da sua actividade, o Santo Abade Antão.
        Tido pela tradição como um santo eremita, de vida campesina, companheiro dos animais, melhor escolha não poderia ter sido feita. E se a fé foi motivo da escolha, então há que celebrar o seu dia, anualmente, no dia próprio que a santa Madre Igreja indica.
        Esta fé ainda persiste nos tempos que correm. Ainda hoje, a pequenina igreja paroquial se abre aos fregueses e a alguns forasteiros das redondezas. Vindos do sul e do norte. Depois da missa de festa, própria para os padroeiros, a procissão e arrematações.
        Na lírica popular recorda-se a cantiga: Passei pelas vossas vacas//Mamei leite, deu-me sono//Santo Antão vos guarde as vacas// Mais a vós que sois seu dono. Ao portal das vossas vacas//Mamei leite nas tetinhas//Santo Antão vos guarde as vacas//Mais as vossas bezerrinhas.
Uma lírica de solidariedade, confiança e de entreajuda nos destinos comuns, fruto da fé no padroeiro, são os nossos comentários desse espírito, que ainda perdura. Perdura na comunidade, e que importa salvaguardar.
        Aconteceu e continua a acontecer. Aconteceu em tempos não muito remotos na melhor qualidade de vida. Continua a acontecer, certamente, na consolidação de maior solidariedade, para os tempos próximos. Melhor dizendo: que voltam a ser difíceis, quase como antigamente.
        E se antigamente o espírito de comunidade existiu, seria bom que as dificuldades que se avizinham, movidas pelo ministro Relvas, não fossem a destruição desse espírito.
Por favor, que não haja destruição. Salvemos o espírito de grupo. Porque é no espírito de grupo, com o espírito de grupo que se vencem as dificuldades. Grandes ou pequenas. Concelhias, açorianas e nacionais. A freguesia é a imagem visível desse espírito.
Um pouco semelhante ao que se diz da família. Hoje está em marcha o apoio à sua coesão, que é, na verdade, o cerne da vida social. Pois o mesmo se deve dizer da freguesia, a mais pequena instituição colectiva das famílias aglomeradas.
E já dentro deste combate, levantado pelo ministro Relvas, a lírica popular continua atenta, sem entender desprepositada iniciativa: "Ao portal das vossas vacas // Mamei leite, deu-me azia // Santo Antão vos guarde as vacas // Mais a vossa freguesia". Ou então, compreensivamente: "Ao portal das vossas vacas // Cortei relvas, fiquei na minha // Santo Antão vos guarde as vacas // Mais a vossa freguesia".
        O Santo Abade Antão ajudou a fazer a comunidade. Vai ajudar, certamente, de novo. É o líder. Tem sido, e tem desempenhado bem o seu papel. Todos ao Santo Abade Antão – o nosso padroeiro! (2573 caracteres)
escrito na ortografia antiga
            altodoscedros.blogspot.com