quinta-feira, 17 de novembro de 2011

A História repete-se?...

Costumamos dizer que a história se repete. E a verdade é que muitas vezes tem sido assim. Em 1910 veio a República. Com partidos, democracia e muitas promessas. Que nunca souberam acertar nos objectivos que programaram. Que tanto fizeram e desfizeram que deram azo ao 28 de Maio.
Veio um iluminado que disse: é este o caminho e ninguém mais bufa. Assim vivemos os tempos de Salazar e Caetano, que também cansou demasiado.
Veio o 25 de Abril, com promessas, partidos e democracia. Muita coisa foi feita, muita coisa parecia ir sempre para melhor. Mas, novamente parecem repetir-se os tempos fracassados dos outros anteriores.
        Ora bem. Não sou o primeiro a fazer esta análise, talvez demasiado simplista. Mas contém muito de verdade. Os nossos escritores souberam muito bem retratar os tempos da primeira República. Muitos têm tido o cuidado de os trazer de volta, e, para espanto de tudo e de todos, o diabo é que são mesmo muito parecidos.
        Acabo de chegar das terras do continente. Durante um dia tive a companhia de muitos homens que foram companheiros há 40 anos por terras de Angola. Para além do confronto das idades já longas, e das diferenças fisiológicas que se adquirem ao longo dos anos, veio a sensação das utopias e dos fracassos. E as conversas foram longas e animadas pela tarde fora, ora misturadas com feitos e façanhas dos tempos idos, ora regadas com as boas pingas do Douro e do Alentejo.
 Os povos greco-romanos foram sempre povos de características muito especiais. Muito dados às emoções fortes, às máfias, às corrupções, aos jeitos e às cunhas para tudo resolver na vida, apesar de terem sido berço da onda evangelizadora que veio de Belém. Entraram na União sem saber bem como, ou então a União não soube acautelar as linhas mestras da boa conduta solidária.
Os povos saxónicos, mais dados ao intelecto racional e calculista, foram sempre mais consistentes no seu desenvolvimento colectivo e solidário. Os choques, pois, mais cedo ou mais tarde, iam acontecer, como sempre, aliás, aconteceram.
Muitos dinheiros chegaram a Portugal e à Grécia para criar estruturas. Elas aí estão, e o desenvolvimento estagnou, ficou com era. Não se criou riqueza para justificar os investimentos.
Muitos barcos se abateram. Vieram outros mais modernos, mas parece que a produção não aumentou. Temos hoje boas estradas, mas não temos produtos a caminho da Europa e outros países. Se antes éramos uns pobrezinhos, hoje somos uns mendigos com caminhos abertos para outros nos virem trazer á porta as coisas de que necessitamos.
 Mas, há, garantem-me, quem veja capacidade de levantar a cabeça e de sermos capazes de continuar Portugal. A história repete-se, é verdade! O que virá a seguir? Vivemos tempos muito complicados, mas de esperança. É a nossa convicção, como a de muitos, felizmente.
altodoscedros.blogspot.com
escrito na ortografia antiga