São muitos? São Poucos?
São os que os homens deste país foram consagrando ao longo dos tempos. Ninguém tem nada a ver com isso. São nossos e de mais ninguém.
Alguns, oriundos do poder religioso, foram tomados e reconhecidos pelo poder civil. Outros, criados por este, outros ainda permitidos aos povos das aldeias e das cidades. Todos eles são marcos da História. Lembram algo de importante, que não deverá ser esquecido. Abolir feriados pode ser caminho aberto para o esquecimento. E, como consequência, um pouco para a perda da nossa identidade cultural.
Nunca, no passado, tivemos a sensação de que os feriados tenham contribuído para a nossa decadência, para menos produtividade e mais pobreza. Antes, foram sinais de desenvolvimento cultural.
Apesar das nossas fraquezas humanas que nos levam, por vezes, à preguiça e ao bom descanso, a verdade é que nunca deixamos para amanhã o que devemos fazer hoje. Aconteceu e acontece, sim, com cada um de nós em particular. Mas colectivamente falando, sempre houve bom senso no aproveitamento do nosso tempo.
Olhemos apenas para a nossa Região: temos os feriados nacionais e também temos os regionais. Os nossos – os regionais – são poucos e foram criados pelos povos cristãos destas ilhas.
Referimo-nos, primeiramente, aos dias das festas do Espírito Santo, sobretudo segunda e terça-feira, que são dias destinados às festas maiores.
Quanto ao primeiro – a segunda-feira – foi já tomado para feriado regional pelo novo poder autonómico. Não acreditamos que o mesmo poder tenha coragem de o abolir ou desfazer, em nome de alguma produtividade, ou de alguma qualquer razão oculta.
Quanto ao segundo – a terça-feira – é, por tradição, feriado popular em algumas freguesias e vilas. E mesmo nestas não haverá coragem de alguma oposição. Temo somente, que alguns chefes de serviços imponham a presença dos trabalhadores, não lhes permitindo celebrar esse dia juntos dos seus, nas suas comunidades.
E, finalmente, porque também se celebram as grandes festas do Santo Cristo, do Bom Jesus ou da Senhora da Serreta (e possivelmente outras) – além dos padroeiros espalhados por todas as ilhas – manda o bom senso político da governação, que se mantenha o hábito de ser feriado nesses dias. E que não se aumentem as burocracias para a justificação de alguma ausência ao serviço.
Não temos feriados a mais. Mesmo naquelas ilhas onde há sempre festas ou touradas por toda parte. Mas, serão os responsáveis locais a decidir. Pensamos que cada ilha poderá continuar a usufruir dos costumes que sempre soube cultivar, sem prejuízo do seu desenvolvimento e actividade económica.
São poucas as actividades que não poderão ter feriados. A pecuária que obriga todo o lavrador a alimentar e a ordenhar as vacas todos os dias, e por conseguinte as fábricas que são obrigadas a laborar o leite que recebem. As pescas que exigem o seu processamento nas respectivas fábricas conserveiras. As mercadorias que entram e saem nos portos e aeroportos. Os doentes nos hospitais que esperam pela saúde.
O feriado é para assinalar algo que foi importante na História. Os que temos não prejudicam em nada o nosso desenvolvimento.
Mas, aguardemos pelo que parece estar para vir.
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escrito na ortografia antiga