segunda-feira, 19 de março de 2012

"Semanas Culturais e Recreativas" (IV) - Ribeirinha

No aspecto cultural há que ter em conta os costumes deixados por outros. Sempre na Ribeirinha se fizeram cantares pelo Natal, pelas Matanças, pelo Carnaval, pelo Espírito Santo. Sempre se cultivou o hábito das chamarritas e dos bailes de roda, antigamente nas salas maiores das casas de habitação, hoje nos salões comunitários. Manuel Dionísio, natural da Ribeirinha, deixou tudo escrito no seu livro “Costumes Açorianos”.
Dos mais vistosos ou de nomeada – os que fazem parte do folclore tradicional – foram os Ranchos do Natal, os Bandos do Carnaval, os Foliões, sem esquecer as satíricas festas dos cornos do 25 de Abril, dia de São Marcos.
Depois, são também de assinalar os eventos criados por professores, padres e outros carolas de habilidade nata, como sejam os teatros populares, comédias e dramas, e actos de variedades, nos palcos improvisados por ocasião das festas de verão, à claridade da luz incandescente de petróleo, dependurada nos cantos da boca do palco.
 Hoje, os tempos são outros. Os salões, da Ribeirinha e da Baixa são espaços que esperam pelo público e pelos artistas.
 Ficaram na memória as “comédias” do tempo do Padre Manuel Lourenço de Azevedo junto à ermida de São Pedro; mais tarde, de outras promovidas pelo Padre João Domingos. Sem esquecer, o empreendimento já de certo modo arrojado que foi o de levar à cena o Frei Luís de Sousa, de Almeida Garrett. Aconteceu, pela mão do Professor Urbano Dutra quando leccionou na Ribeirinha, nos finais da década de 60.
Sempre houve o desejo de promover eventos mais arrojados. Desta vez, a semana cultural e recreativa de Março passado, foi ocasião para tentar manter esse espírito e ir mais além. E foram, com o aparecimento do novo grupo de cantares “Trovas da Madrugada”.
 Constituído por um bom número de jovens da freguesia, apresentaram um elenco bastante alargado de números musicais, quase todos de raiz popular. Fizeram-no corajosamente, com tocadores hábeis e com vozes bonitas. Algumas das quais me surpreenderam. É caso para reafirmar o que sempre me acompanhou e sempre disse: existem qualidades nos jovens, que, se por vezes não aparecem, é porque não encontram ocasião propícia para o mostrar.
Reafirmo, por isso, que é importante criar condições. E esta semana cultural foi uma ocasião para ajuntar vontades e mostrar que são capazes. E foram. A partir de agora, já sabem o caminho. Só resta, de ora em diante, participar nas festas que aí vem. Na Baixa, no Porto da Baixa, nos Salões da freguesia, nos palcos dos arraiais.
Importante, também, é não ter a pretensão de aprender já mais números musicais, mas consolidar e aperfeiçoar o que se aprendeu. Só depois, outros temas e outras músicas.
        Foram positivas as tertúlias rurais da Semana Cultural e Desportiva. De tudo se falou. Para tomar consciência do passado e de agarrar o futuro. Com esperança e sem medo.
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                escrito na ortografia antiga