sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Duas inaugurações

1 - Avenida Marginal em São Roque, com o nome de “Avenida do Mar”.
       Já aqui lhe fizemos referência, e hoje voltamos a fazê-lo. Trata-se de uma obra bem concebida, bem ajustada ao ambiente, bem enquadrada para proporcionar bons serviços aos cidadãos. Apenas um complemento de carácter cultural: temos esperança de ainda, um dia, voltar a ver o Moinho que lá se encontra junto à piscina, a funcionar em pleno. E o respectivo búzio a dar o alarme de que falta milho para moer.
        Alguém vai rir-se com esta deixa. Mas olhem que fica muito bem ali, naquele lugar, uma máquina antiga, artesanal, pronta para mostrar como faz a farinha que serve para cozer o pão que vai à mesa. Todos os alunos devem, no futuro, visitar aquela máquina, para ver como funciona com a força do vento, e ver ao vivo as rodas dentadas que aumentam a velocidade das mós. Um bom exemplo para estudar as multiplicações e as reduções das rodas dentadas. De como um movimento lento é capaz de produzir uma velocidade acentuada.

        2 - Museu da Indústria Baleeira
        O Museu dos Baleeiros – no duplo espaço que possui, Lajes do Pico e Cais do Pico – é o elemento mais visível da nossa cultura picoense. Todos os outros que o circundam, ou que andam à sua volta, não serão mais do que os adornos do altar – as flores, os jarros, os ícones – as mais valias. O Pico é conhecido mundialmente graças ao Museu. Dos Baleeiros e da Vinha. A sua projecção é mundial. E por isso, por dentro e por fora dos espaços, se pode dizer, usando uma expressão que circulava no interior das novas instalações, que paira no ar que respiramos um verdadeiro e autêntico espírito do sítio. Sítio que nos fala das baleias, dos barcos e das ferramentas; espírito que nos fala dos baleeiros, que continuam vivos, ecoando em vagas sucessivas pelos mares além.
        Presenciámos a inauguração dos melhoramentos levados a efeito na antiga Fábrica da Baleia no Cais do Pico. Percorremos os espaços novos e demos uma olhar por aquilo que já conhecíamos. Saímos com vontade de fazer este apontamento, para transmitir aos leitores que “vale a pena ir uma vez na vida” ao Museu dos Baleeiros, nos seus dois pólos instalados: no Cais e nas Lajes.
        Tal como um bom cristão tem de ir a Roma uma vez na vida, tal como um muçulmano tem de ir a Meca uma vez na vida – aqui, o mesmo se tem de dizer a cada picoense que ama a sua ilha: pelo menos uma vez, ir ao Museu dos Baleeiros.
Os baleeiros foram os antigos homens do mar, que muitos, ainda hoje vivos em terra, viram andar à vela por esses canais, na busca do sustento para as suas famílias. E, sem saber, construíram um património invejável. O que mais nos projectou no mundo inteiro.
        Os melhoramentos que agora se inauguraram no Cais do Pico vem completar todo o ambiente museológico nas instalações ali sediadas. Outros benefícios estão a ser programados para as Lajes, mormente a construção de um Auditório. E também outros para o pólo da Vinha na Vila da Madalena.
Nas palavras do presidente do Governo salientamos a expressão que usou: uma terra sem Museu é uma terra sem História.
Nesta ocasião de afirmação cultural, convém recordar que o Museu do Pico tem sabido representar esse papel que lhe cabe – ser o espelho da Ilha. Por ele têm passado inúmeros eventos culturais ao longo dos anos. E tem sido numerosos os seus visitantes. Os picoenses ficaram hoje mais ricos no seu património histórico.
Manuel Emílio Porto (altodoscedros.blogspot.com)