domingo, 6 de fevereiro de 2011

De novo as Filarmónicas

São privilégios, dizíamos na semana passada, neste mesmo local. Reafirmamos o que então dissemos, isto é, quem têm privilégios, sobretudo se são colectivos, e se os não quer perder, nem deixar degradar, tem de cuidar da sua sustentabilidade constante.
        Com a Nova Sede da Filarmónica da Piedade, fica a ilha do Pico mais rica nas estruturas de apoio ao ensino da música das sociedades filarmónicas. Para todas elas, os encargos anuais são volumosos, ultrapassando quase sempre as suas capacidades financeiras. Neste aspecto é importante a continuidade do apoio autárquico. Mais do que os jogos federativos e profissionais, distorcidos do são valor desportivo para o meio em que vivemos.
        A Música, na antiguidade, era considerada uma actividade nobre, importante para o desenvolvimento intelectual dos cidadãos. Tão importante como a Filosofia, a Matemática e o Desporto, na sua forma mais pura – mens sana in corpore sano, como se dizia na antiga Grécia e depois em Roma.
        O Pico, durante muitos anos, andou perdido a tocar música por casas particulares, por vezes sem as condições mínimas, até pagando renda de ocupação. Mas, louvor e glória, a muitos homens que aguentaram, apanhando frio, mal sentados, apertados, quase sem terem espaço para mudar a pauta na estante. Uns ainda se mantém, outros já se afastaram. Neste apontamento queremos relevar o seu empenho, a sua carolice de terem ajudado a consolidar o património que hoje temos.
        Por isso, temos de dar ênfase aos melhoramentos que se têm verificado por toda a Ilha. Fazemo-lo agora, a propósito da Nova Sede da Filarmónica da Piedade, prestes a ser apresentada ao público. Por tudo isso, voltamos com este apontamento.
Nunca será muito dizer do benefício que aí vem. E é muito natural que os acontecimentos importantes sejam devidamente assinalados. Assim, é de relevar toda a iniciativa que tenha em vista a sua maior visibilidade. Daí nos apressamos, hoje, a louvar as iniciativas dos seus responsáveis que venham a ser programadas. Quando, no apontamento da semana anterior, referimos a ideia de gravar um CD, mais não fizemos do que dizer o que nos ia no pensamento, sem a mínima intenção de intromissão nossa.
Em relação ao novo edifício da Filarmónica, olhamos para o ambiente que a rodeia. Há por ali espaços – é possível que estejam a ser objecto de estudo – que terão de ser encarados de frente, com coragem.
 Sempre pensamos que uma casa de habitação, sobretudo no meio rural onde há espaços em abundância – não é só o edifício em si. São também as zonas envolventes – as ruas, os jardins, os arbustos, os muros, por vezes a água corrente, os bustos ou ícones de embelezamento, jardins para crianças. E o que se diz de uma casa de habitação familiar, diz-se das casas ou sedes das colectividades.
Temos a esperança de que os responsáveis não deixarão de pensar neste aspecto. O Curral da Pedra só ficará mais valorizado. É a “Sala de Fora” da freguesia da Piedade. E uma “Sala de Fora”, como os antigos diziam, era a sala de receber as visitas. Todo o ambiente, à sua volta, faz parte integrante daquele Largo ou Praça. Quem chega ao centro, logo lhe aparecem os mais nobres lugares da Piedade – Espírito Santo, Igreja, Filarmónica e Escola. São as pinturas pendentes das paredes da sala de visitas.
Para os leitores, este é mais um apontamento de ocasião. Nada mais. (altodosdoscedros.blogspot.com)