quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Mais uma palavra...

Para um alerta que julgo importante, nesta avaliação do que somos, do que temos e do que queremos continuar a ter.
Nas semanas anteriores, abordámos as novas sedes das Filarmónicas. Elas são o resultado do apreço já consagrado publicamente. Os edifícios que vemos á volta da Ilha são a prova da estima das populações e dos Governos que temos tido.
Mas, pensamos também que terá chegado o tempo de fazermos um bom balanço, e de começar a pensar seriamente na sua conservação.
Temos exemplos em toda a ilha. Vemos edifícios antigos que andam pelas ruas da amargura. Os seus donos ou proprietários, sobretudo os descendentes, não conseguiram mantê-los em condições de habitabilidade. E por isso foram-se degradando aos poucos.
 Alguns conseguiram ir parar a boas mãos, que lhe devolveram a sua beleza inicial, outros acabaram em ruínas. Outros ainda foram parar ao poder público que os redimensionou, dando-lhes outras valências.
 Um caso gritante, no centro das Lajes, continua à espera de quem lhe deite a mão. Um caso já crónico. E no centro do Curral da Pedra há um, bem junto ao salão paroquial, que dizem ter sido comprado pela Câmara. Se foi, perguntamos: para quê? Com que finalidade? Sempre vem ao de cima a ideia, que não é nossa, de que antes de se construir de raiz, se deve pensar em redimensionar. Achamos acertada esta afirmação.
Estamos a tempo de pensar seriamente no volume dos edifícios que se constroem de raiz, em relação à sua manutenção futura. Não o fazendo, estamos a comprometer a sua sustentabilidade. “Não deixes para amanhã o que podes fazer hoje”. “A pouco e pouco enche a galinha o papo”.
 Não vemos movimentos constantes – recreativos, culturais e gastronómicos – geridos pelas próprias colectividades tendo em vista a sua sustentação. E é imperioso que isso se faça. Uma associação cultural – seja ela qual for, secular ou religiosa – terá, constantemente, de pensar na sua própria vida. Só depois pedirá o apoio necessário, supletivo.
É verdade que já foi frequente, a iniciativa do “almoço/jantar” do fim de semana e dominical em favor desta ou daquela instituição. Se agora deixou de ser, foi por cansaço, ou por falta de transparência? O cansaço – doença congénita – só tem cura com a transparência. As comunidades vivem de transparências. Sem elas, morrem, definham.
Nesta ilha, e noutras ilhas também, temos edifícios, construídos de raiz, reconstruídos ou adaptados. São as igrejas, os salões paroquiais, os salões do Espírito Santo, as Sedes das Filarmónicas. Todo este volume de edifícios – pelo menos alguns deles, não andámos a estudar um por um – tiveram contribuição do poder público. Os do Espírito Santo têm a marca dos seus associados. São um exemplo.
É sobretudo em tempos de dificuldades, que, perante os problemas decorrentes, mais nos vem à mente a ideia da entre ajuda. É um espírito que não se poderá perder, antes incentivar. As nossas coisas, privadas ou públicas, têm o nosso olhar sempre atento. Para a sua funcionalidade, para a sua conservação. O poder público será o último recurso. E nesta sequência, veja-se o que já se pede no Continente: a destruição de alguns estádios de futebol, cuja manutenção está fora das possibilidades das respectivas autarquias.
Voltámos com este apontamento, apenas para dizer que é importante reavivar o espírito associativo, comunitário, zelador de tudo o que temos, ou de tudo o que de alguma maneira tem a ver com a nossa presença no mundo em que vivemos. (altodoscedros.blogspot.com)