quinta-feira, 21 de julho de 2011

Como o fermento

Dentro de dias serão as festas tradicionais do Bom Jesus. O texto seguinte, com o título em epígrafe, é de um conceituado teólogo do nosso tempo. O conteúdo poderá estar em sintonia com a mente dos crentes que lá vão. Também poderá ser a chave de abrir a janela para deixar entrar luz mais suave e matizada.

“Com uma audácia desconhecida e inesperada, Jesus surpreendeu toda a gente que o escutava proclamando o que até então nenhum profeta tinha dito: “Deus já está aqui, com a sua força criadora de justiça, abrindo caminho, para fazer a vida dos seus filhos, mais humana e ditosa”.
É necessário mudar. Temos de aprender a viver acreditando nesta Boa Notícia: o reino de Deus está chegando.
Jesus falava com paixão. Muitos sentiam-se atraídos com as suas palavras. Em outros fervilhavam dúvidas. Não será loucura? Donde vem a força de Deus a transformar o mundo? Quem poderá mudar o poderoso império romano?
Um dia Jesus contou uma parábola muito pequena. Tão pequena e simples que muitas vezes passou despercebida dos cristãos. Diz assim: “O reino de Deus é semelhante a uma mulher que tomando a levedura e, misturando-a em três medidas de farinha, consegue fermentar toda a massa.”
Aquela gente simples sabia de que falava. Todos sabiam e tinham visto as suas mães preparar o pão no pátio da casa. Sabiam que a levedura ficava “escondida”, mas não permanecia inactiva. De forma silenciosa e oculta ia fermentando tudo por dentro. Assim é Deus a actuar no interior da vida.
Deus não se impõe a partir de fora, mas a partir de dentro. Não domina com o seu poder, mas atrai com o seu amor para o bem. Não força a liberdade de ninguém, mas dá-se gratuitamente para tornar mais ditosa a vida. Assim temos de actuar também, se quisermos abrir caminhos para o seu reino.
Está a começar um tempo novo para a Igreja. Os cristãos vão ter que aprender a viver em minorias, dentro de uma sociedade secularizada e plural. Em muitos lugares, o futuro do cristianismo dependerá, em boa parte, do nascimento de pequenos grupos de crentes, atraídos pelo evangelho e reunidos à volta de Jesus.
Pouco a pouco, aprenderemos a viver a fé de maneira humilde, sem fazer muito ruído nem dar grandes espectáculos. Já não se cultivará tanto desejo de poder nem de prestígio. Não se gastarão forças em grandes operações de imagem. Buscar-se-á o essencial. Caminhar-se-á na verdade de Jesus.
Seguindo os seus desejos, cada um tratará de viver como “fermento” de vida sã no meio da sociedade. Com um pouco de “sal”, que depressa se desfaz, a vida moderna terá mais sabor evangélico. Virá depois o contágio, o estilo de vida de Jesus a irradiar a força inspiradora do seu Evangelho. O cristão crente passará a vida fazendo o bem. Como Jesus.” (José António Pagola).
 A leitura do texto, apesar de não ser uma tradução exemplar, é compreensiva, está ao alcance de quantos caminham até ao Bom Jesus: – de São Mateus, da Calheta e da Criação Velha. Os comentários serão de cada leitor. Como se impõe.
-altodoscedros.blogspot.com