segunda-feira, 11 de julho de 2011

O espelho da ilha.... e dos Açores

Passámos a 9 e 10 do corrente pelo Matos Souto, onde decorreu a Feira Agrícola dos Açores.
        Além de ter sido ocasião para ver e avistar caras conhecidas, que há muito tempo não via, foi ocasião de olhar para os pontos de interesse que ali se manifestaram durante o tempo que durou a feira.
        Nos concursos, todos eles, mas sobretudo dos animais, assistimos a níveis de qualidade que são de realçar. Só em eventos, como este, é que o público tem ocasião de ver o que estas terras são capazes de produzir, e ao mesmo tempo, conhecer os homens capazes de o conseguir.
        Na verdade, não basta só a terra, a pastagem, a ilha, o verde das campinas, o clima. O mais importante é a capacidade, o saber, o traquejo, a experiência e o empenho, de melhorar a qualidade dos animais e de procurar as melhores raças, a fim de melhorar o produto final.
        Ao percorrer os corredores dos animais, quer de um lado quer do outro, e olhando para a sua identificação, verificámos que havia animais de muitas ilhas, naturalmente com predominância (se errar, não faz mal), para a ilha do Pico, o que não é de estranhar, já que o evento se desenrolava nesta ilha.
        Verificámos também o afecto que se empresta aos animais, não só dos seus tratadores directos, como também das crianças que por ali corriam e saltavam de um lado para o outro. Algumas sentadas, ao lado dos animais mais novos, olhando quem passa, talvez dizendo: “este é meu”. Uma voz feminina dizia claramente: “esta não vendo por dinheiro nenhum”.
        Temos a certeza que as imagens daqueles dias andam por todas as outras ilhas, o que nos faz credores de uma actividade em expansão que importa consolidar cada vez mais.
De referir, e é óbvio, que para além da quantidade, ali se observou uma característica de marca – a qualidade – objectivo que deve acompanhar qualquer actividade do ser humano, nos nossos dias. E o exemplo lá esteve. Bastou percorrer o pavilhão dos produtos expostos, para isso mesmo verificarmos. Hoje, sem qualidade, é melhor estar quieto.
Uma nota louvável para os tempos de crise que atravessamos: a restauração foi entregue a outros, que, ocupando os espaços destinados, lá foram alimentando quem por ali passava e se passeava. Pelo que sei, faltou aviamento na cozinha. Muitos só almoçaram por volta das 15 horas de sábado. De qualquer forma, parabéns aos responsáveis pela feira, e… que voltem para o ano. O espaço está feito, é só ir à arrecadação e montar de novo.
O fim da festa esteve a cargo do grupo “Alma de Coimbra” (antigos orfeonistas de Coimbra), que ali, no meio dos arvoredos, espalharam pelo Caminho Largo e pelas encostas do Cabeço da Era, de cabelos branqueados e com as suas vozes já maduras, as mais belas melodias de sempre da cidade do Mondego e de outros lugares onde se fala português.
Não se esqueceram – não fizesse parte deste grupo o nosso José Ferreira – da Chamateia, um tema que fala do terreiro da vida, ali mesmo bem representado nos arranjos daqueles dias festivos. Faltou o Boi do Mar que ainda não está preparado, revelou o maestro. Esta terra tem dois bois – o boi do mar e o boi da terra. Teria ficado tudo mais completo. Foi um final de festa em cheio.
Uma nota final, relativa ao que lemos, quando chegámos a casa, no sábado à noite, dia 9: “a partir das 13,30 já as sopas, no Campo de São Francisco, em Ponta Delgada, tinham faltado”.
É outro ponto de vista: quem se mete com o Espírito Santo, ou se mete com recta intenção, ou então, não se meta.
Na feira, não houve Espírito Santo e nada faltou. Houve espírito são, primeiro caminho para chegar ao Santo. É melhor deixar o Santo para os que nele acreditam, para as ocasiões acertadas, nunca acomodadas, desvirtuadas. Ninguém chega a santo se não for primeiro são. Para dissipar dúvidas, são vem do latim sanu que significa não estragado, sem defeito. Melhor diria: bom senso.
-altodoscedros.blogspot.com
-texto escrito na ortografia antiga